Histerectomia é uma cirurgia para retirada do útero.
É uma das cirurgias ginecológicas de grande porte mais realizadas no mundo, sendo as doenças benignas 70% as indicações da histerectomia e incluem distúrbios menstruais, miomas, dor pélvica e prolapso uterino.
Pode ser retirado todo o útero (corpo e colo uterino) ou somente o corpo do útero, que vão depender da indicação da cirurgia.
Há várias doenças que indicam a retirada do útero, listadas abaixo:
- Miomas (nódulos uterinos benignos, fibromas, que causa sangramento vaginal, dor pélvica e compressão por crescimento);
- Adenomiose (infiltração difusa ou localizada de glândulas endometriais no miométrio), também causando dor e sangramento vaginal não responsiva ao tratamento clínico;
- Câncer de endométrio, de Colo uterino, de Miométrio (tipo Sarcoma), de Ovários, de Trompas uterinas, associada a outras cirurgias (exemplo: linfadenectomia, retirada de linfonodos da região específica), conforme o tipo de tumor;
- Sangramento uterino disfuncional refratário ao tratamento clínico, causando anemia crônica e grave, com risco para a paciente.
Vias de Acesso Cirúrgico*
Via Abdominal, por Vídeo
Histerectomia Videolaparoscópica
É a técnica cirúrgica considerada hoje como minimamente invasiva que causa menos danos nos tecidos, menos sangramento, menos cortes, menos dor no pós-operatório, recuperação mais precoce, menor risco de infecção e de hérnias abdominais.
É a técnica cirúrgica em que acessamos o útero, via trocateres, com pinças cirúrgicas e videolaparoscopia.
Podemos fazer a visualização da cavidade abdominal superior e pélvica conjuntamente.
Surgem a cada ano, novas tecnologias, sendo possível pinças cirúrgicas com mais de uma função (preensão, cauterização e corte), tornando as cirurgias mais rápidas, com menos sangramento e com menos complicações.
É possível associações cirúrgicas no tratamento videolaparoscópico:
- Endometriose;
- Doenças no abdômen superior, por exemplo colelitíase;
- Anexo uterino (ovários e trompas);
- Cirurgias em aparelho urinário (bexiga e ureter);
- Cirurgias no aparelho intestinal (retossigmóide, apêndice cecal, aderências abdominais).
Toda cirurgia laparotômica pode ser realizada por via videolaparoscópica, sendo limitada ao útero de grande volume e ou de risco de disseminação metastática (morcelamento de peças sem proteção "endo-bags").
Técnica
Paciente em posição ginecológica, sob anestesia geral, com sondagem vesical, manipulação uterina via vaginal com manipulador específico para histerectomia laparoscópica.
Esses cuidados proporcionam segurança e diminuem o risco de lesão da bexiga e ureter. Liberação uterina com cauterização bipolar ou ultrassônica, afastamento de bexiga, abertura da vagina, e retirada do útero por ela.
O gás CO2, ao final da cirurgia, é aspirado, retirado com manobras, mas ainda um pouco é absorvido, sendo eliminado nas fezes ou pela respiração. Pode causar estímulo no nervo VAGO, que passa embaixo do músculo diafragma da respiração, e assim ter dor referida no ombro direito e na nuca por 1 a 2 dias.
Via Abdominal, Laparotômica
Histerectomia Laparotômica
É a técnica cirúrgica que acessamos o útero por corte pela via abdominal, pela abertura das 5 camadas (pele, subcutâneo, aponeurose, músculo, peritônio).
Este corte de acesso, pode ser transversal (Pfannenstiel - tipo corte mais comum de cesariana, supra púbico) ou longitudinal (mediana - corte do púbis até a cicatriz umbilical, as vezes podendo passar a mesma, dependendo do tamanho do útero a realizar a cirurgia).
Pinçamento, corte e ligadura de ligamento útero-ovárico, e trompa bilateralmente, abertura do peritônio anterior pélvico, rebaixamento da bexiga, pinçamento, corte e ligadura de vasos uterinos bilateralmente Pinçamento, corte e ligadura dos ligamentos Cardinais, junto da vagina, abertura da cúpula vaginal, mantendo os ligamentos uterossacros fixados na vagina posteriormente. Retirada do útero. Fechamento da cúpula vaginal. Hemostasia minuciosa. Fechamento das 5 camadas da parede abdominal.
Via Vaginal
Histerectomia Vaginal
É a técnica cirúrgica que acessamos e realizamos a cirurgia no útero via vaginal.
É uma via minimamente invasiva.
Para possibilitar a técnica cirúrgica é necessário avaliação de alguns parâmetros: ultrassonográfica do tamanho uterino e outras patologias associadas, mobilidade uterina (descartar aderências), e descida do útero na vagina, tamanho de vagina, peso / IMC da paciente.
Técnica
Realizada a cirurgia via vaginal, posição ginecológica, anestesia. Liberação da bexiga e da mucosa vaginal posterior junto ao reto. Liberação uterina após pinçamento, corte e sutura de vasos e ligamentos uterinos. Revisão do útero e fechamento de cúpula vaginal e do restante da parede vaginal.
Robótica Videolaparoscópica
Robótica Videolaparoscópica é uma via de acesso tecnologicamente avançada, sendo indicada para casos muito específicos:
- Na obesidade mórbida;
- Múltiplas cirurgias abdominais;
- Câncer de endométrio;
- Endometriose com ressecção intestinal.
Tem algumas vantagens sobre a tradicional laparoscópica. Aumento da magnificação da imagem, instrumentos altamente tecnológicos, melhor ergonomia para o cirurgião.
Ainda apresenta o maior tempo cirúrgico e custo elevado.
* Maneiras de chegar ao útero.